A situação do Rio Grande do Sul, no âmbito da gestão hídrica, é alarmante. O alerta é da geógrafa da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Mariana Lisboa Pessoa, que participou do lançamento da 9ª edição do Panorama Internacional FEE, com o tema “Agenda global das mudanças climáticas: realidades e utopias”. Segundo ela, “o Estado abriga três dos 10 rios mais poluídos do Brasil: Sinos, Gravataí e Caí, todos localizados na região Metropolitana de Porto Alegre”.
Na próxima quarta-feira, a geógrafa apresentará o painel “O Brasil e o Rio Grande do Sul diante do desafio global da gestão dos recursos hídricos”, a partir das 14h30min, na sede da FEE. De acordo com ela, a maior parte da poluição vem dos esgotos domésticos, mas também tem muita carga de efluente industrial, além da cota de agrotóxicos oriunda das lavouras de arroz. “Estes rios abastecem mais de 1,5 milhão de pessoas na região Metropolitana. O pior caso é de alguns trechos do rio Gravataí, que era fonte de coleta de água para abastecimento da população e teve que ser trocada”, destacou.
Segundo ela, a coleta de esgoto também é um ponto negativo no Rio Grande do Sul. “O Estado coleta cerca de 30% do esgoto e trata por volta de 13%, é um percentual muito pequeno. Na região Metropolitana isto é mais intenso, porque é onde temos a maior urbanização e também a região mais industrializada”, enfatizou.
A Política Nacional de Recursos Hídricos, que completou 20 anos em janeiro, conforme Mariana, é completa e complexa mas, como boa parte das políticas no Brasil, não foi implementada de maneira correta e não tem fiscalização. “Não existe um planejamento correto destes recursos”, afirmou. "É possível reverter a situação dos rios poluídos na Região Metropolitana, mas é preciso implementar e consolidar um planejamento de longo prazo que não fique restrito aos quatro anos de gestão de um ou outro governante”, concluiu.
Fonte: Correio do Povo