Os triticultores gaúchos que já enfrentam a depreciação de preços e uma possível queda na produtividade no Rio Grande do Sul, por conta do clima, têm mais um fator de preocupação: a estimativa de uma supersafra do grão na Argentina, que poderá chegar a 20 milhões de toneladas. O impacto na triticultura nacional, porém, divide a opinião de especialistas. No ano passado, o país vizinho colocou no mercado brasileiro 5 milhões de toneladas do cereal.
Irineu Pedrollo, diretor da I&MP Consult, diz que é inevitável a pressão que o trigo argentino irá exercer sobre o grão brasileiro. Ressalta que o país vizinho consegue embarcar o produto para o Brasil por R$ 34 a saca. “O que se viu na safra de 2016, quando entraram 5 milhões de toneladas de trigo argentino no Brasil, deve se repetir, e num índice maior”, ressalta.
Para o consultor da Serra Morena Corretora, Walter Von Muhlen Filho, a situação deve se manter estável. Segundo ele, a safra argentina de 2017 não é tão maior que a do ano passado, que foi de 18,4 milhões de toneladas. A safra brasileira, que em 2016 foi de 4,8 milhões de toneladas, não deve ultrapassar os 4,2 milhões em 2017. Para Von Muhlen, o trigo argentino não é um competidor e vai ajudar a atender a demanda de 11 milhões de toneladas. “O trigo argentino tem um papel importante na melhora da qualidade do trigo gaúcho para atender os moinhos locais”, analisa. Esta é a segunda safra de trigo argentina após a retirada das retenciones, que restringiam as exportações.
Fonte: Correio do Povo